Origens do NINPO


Podemos remontar as origens do NINPO por meio de fragmentos históricos, cercadas por lendas e mitos, encobertas por sua própria característica que é o anonimato, utilizando-se de crenças e mitologia religiosa japonesa. Essa origem fortalece e cria em um terreno envolto a mistérios naturais de sua essência singular.

Em um terreno estritamente histórico, parece provável que a teoria dos primeiros elementos da “arte da invisibilidade” como muitos aspectos da cultura Japonesa, fosse proveniente da China.

Considerando sua estrutura, é uma vertente de que sua origem se encontre nas sociedades secretas, com suas numerosas técnicas físicas e espirituais, procedentes da Índia, Tibet, China e todo sudeste Asiático, até ser lapidado no Japão.

Taoístas como Gamon e Garyu e generais chineses Cho Gyokko, Ikai e Cho Busho surgem em documentos referentes aos muitos Ryu Ninjas influenciando no nascimento no Ninpo.

Um arte que funde as técnicas de combate, sobrevivência e religião com a psique do homem, resultando em uma arte marcial mais eficaz e até como uma filosofia de vida.

A exemplo da obra de Sun Tzu “ Arte da Guerra” do séc. VI a.C onde encontramos conselhos para afugentar o inimigo, desconcentrá-lo e infiltra-se em suas linhas, criando confusão e desinformação todos estes conceitos se encontram dentro da tática Ninja.

O ideograma “Shinobi” surgiu no Japão em 593 – 622 a.C através do príncipe Shotoku apreciador da cultura chinesa e defensor da Introdução do Budismo no Japão. São os primeiros sinais da transformação que estaria por vir.



Mas hoje as origens mais aceitas sobre Ninpo seriam direcionadas aos famosos Yamabushi, (Ascetas – guerreiros das montanhas), portadores do conhecimento esotérico e sistemas de combate inspirados por seres cercados de mitologia.


Representação - Yamabushi

A necessidade de sobreviver como forma de combate deu lugar ao que é conhecido hoje como Shinobi jutsu ou Ninjutsu. Se tornou arma contra a casta de Samurais que estavam presos ao código do Bushido “Caminho do Guerreiro” enquanto o Ninpo seguia o “Caminho do Silêncio”.

As regiões de Iga, Koga, Kai e Negoro foram locais com a maior concentração de grupos com essas características, constituindo clãs, vivendo no anonimato em meio a natureza.

Esses clãs seriam o berço ou o início do impensável, a colaboração entre os guerreiros das montanhas (Yamabushis), magos ou feiticeiros (Ubasoku, Sennin) e os Ronins, onde trocaram vivências, conhecimentos, ciências religiosas, contato com a natureza, técnicas militares da época, unidas em um mesmo objetivo.

Tamon-ten (Vaiśravaṇa) at Tōdai-ji

No período Heian apareceram referências no Japão à arte Shinobi, nas crônicas de época (794-1192 D.C), no qual os regentes Fujiwara perdem o controle frente ao clã Taira e estes se vêem desprezados no final do período pelos Minamoto. Entre os séculos XII e XIII, correspondentes ao período Kamakura (1192 a 1338 D.C.) é quando o Ninjutsu se incorpora na história do Japão.



Nesta singular época feudal japonesa o governo militarista conhecido como Bakufu floresce na famosa casta Samurai, o Bushi, havendo neste período uma luta contínua de poder, rivalidades e vinganças, as técnicas marciais se desenrolam rapidamente. O Shogunato depois de haver sofrido algumas derrotas a muitos clãs Ninja, decidem incorporar suas técnicas e tomar para si o serviço daqueles que outrora foram seus inimigos.

As famílias ninja das regiões de Iga, Koga, Kai e Negoro (entre Kyoto e Nagoia) chegaram a somar em torno de 173 escolas principais e as respectivas famílias que as compunham, foram contratadas pelos senhores feudais para praticar atos clandestinos que eles não podiam levar a cabo abertamente sem ferir ao código Bushido, bases da doutrina Samurai, mas eram perfeitamente possíveis pelos Henin (não humanos) Ninja.

Existindo neste momento outras escolas ninja como a Maeda Ryu na região de Kanazawa na região de Ichikawa onde se encontra o Myoryuji (templo Ninja Dera) erguido em 1585, por Toshiie Maeda, este era um dos clãs mais ricos do Japão feudal, onde os ninja eram conhecidos como Nusumigumi.


Myoryuji Temple (妙立寺) Ninjadera ("Ninja Temple")


Estes guerreiros eram especialistas em formas de ataque indiretos e guerrilhas, misturando seus métodos com os dos Samurais, dando lugar a uma forma de luta altamente efetiva. Durante a era Muramochi (1138 a 1573 D.C.) e mais concretamente em 1542, os mercadores portugueses e espanhóis introduzem algumas novidades na arte da guerra, o emprego de armas de fogo.

O Ninjutsu se adaptou a esta novidade, desenvolvendo sua própria forma de fabricação de granadas, minas, bombas incendiárias e pequenos morteiros.

Na era Momoyama (1573 a 1603 D.C.) aconteceu a unificação do Japão a cargo de Oda Nobugana e seu sucessor Toyotomi Hideyoshi a utilização de Ninja em suas batalhas garantiram as vitórias necessárias para que Nobunaga se firmasse no poder. Uma ou outra vez, as táticas de infiltração, redes de informação e contra-espionagem deram uma vantagem necessária nos momentos críticos da batalha.

A eficácia foi tão grande que o próprio Nobunaga chegou a temer uma rebelião de clãs ninja contra sua autoridade. Ele teria sofrido várias tentativas de assassinato, o medo foi tal que ele tomou uma decisão que deixaria uma triste recordação no folclore ninja.

Em 3 de Novembro de 1581 invadiu a província de Iga com 46.000 homens cercando um grupo de 4.000 Ninja que haviam se estabelecido nos arredores do castelo de Hakuo, na região de Koga.

A batalha durou cerca de uma semana, então a resistência enfraqueceu e os Ninja foram capturados em sua maioria torturados, poucos puderam escapar.

Longe de concluir o problema, Nobunaga foi dispersar os Ninja por todo o país, os poucos sobreviventes engrossaram um “exército” de numerosos Daimyo, que requereram seus serviços.

Segundo as tradições constava com 53 famílias no período Tenkyo, entre os anos 938 e 946 D.C.

Na seqüência do Shogunato Tokugawa, os seus próprios sucessores, ansiosos para modernizar Japão sob uma autoridade inquestionável, viram os Ninja como uma fonte de perturbação social independentes para a sua nova visão de um Japão moderno, assim, declararam a sua prática ilegal e proibida, mais uma vez, colocar o selo de secreto em todas as questões relativas a esta arte, que os seguidores de Ninjutsu retornaram novamente à clandestinidade.

A partir de então a motivação ideológica inicialmente e mais tarde, se tornaram definitivamente políticas econômicas do Ninjutsu, prestação de serviços aos interesses privados ou comerciais, na seqüência de uma linha de desenvolvimento fora da lei, a ser estabelecido e prosseguido pelos governantes.

Na era Meiji (1868-1912) início do século Iluminismo, que respirava um ar de modernidade sobre Japão. A abertura ao final civilização ocidental assistiu-se à retirada de muitas artes marciais tradicionais conhecidas.

Porém, o fato de tradições marciais, sobretudo as do Ninpo, foi preservado até este dia, sustentando a hipótese da utilização de tais peritos na maior parte dos momentos críticos da guerra do Japão moderno, mais especificamente na guerra contra os chineses em 1894 contra a Rússia em 1904 ou os mais recentes conflitos na Manchúria, em 1931 e em 1941 a Segunda Guerra Mundial.

Hoje em um Japão moderno, em uma sociedade desenvolvida, próxima a seu passado, com seus valores em tempos e templos antigos, temos o grande e crescente interesse por parte dos estrangeiros.

A essência do Ninpo ainda está viva hoje em dia devido ao espírito de mestres contemporâneos, entre os quais alguns têm preferido manterem-se ocultos nas brumas do anonimato, incluindo nomes, tais como se pode recuperar: Fujita Isamu Seiko, Takamatsu Toshitsugo, Nachimo Ishikito, Heishichiro Okuse, Tatsuata Yashuichi, Kimura Masuharu, Norihiro Hakuyusai, Sato Kimbei, Nawa Yumio, Akimoto Fumio,Ueno Takashi, Saito Kazuo, Kaminaga Shigemi, Harunaka Hoshino, Tanaka Senzo, Maeda Isashi, Shinji Shibusawa, Manaka Yumio, Yamato Yoshiakai, Yoinuki Suihichiro, Neguishi Yuichi, Nishi Isao, Tanemura Shoto, Kuroi Hiromitsu, Takeda Ryosuke, Hatsumi Masaaki, o grande celebre e responsável por dirigir os museus de Iga e Koga Kawakami Jinichi. Sob a orientação destes notáveis homens tem mantido viva a tradição de séculos.